Sunday, January 14, 2007

Investimento? Sim! Mas só com Valor Actualizado Líquido (VAL) positivo...

Em linguagem económica, investir significa a aplicar capital em meios que levam ao crescimento da capacidade produtiva (i.e. infraestruturais, máquinas, meios de transporte, etc...). Por outro lado a teoria económica diz-nos que existem ganhos para uma região ao especializar-se num sector onde detém vantagem comparativa.

No caso de Portimão (e Algarve como um todo) o Turismo é sem dúvida o sector onde existe vantagem comparativa, desta forma não será de todo estranho que todos os investimentos que se anunciam estejam primordialmente relacionados com o Turismo. Exprimo contudo alguma preocupação ao ler a notícia abaixo, publicada no Jornal Barlavento e da qual transcrevi alguns excertos:

Portimão projecta milhões de investimento

Os projectos em causa, “todos eles concluídos até 2009, representam um investimento público e privado na ordem dos 320 milhões de euros no concelho, ou seja o dobro das verbas transferidas pelo Estado para investimento em todo o Algarve em 2007 e cerca de 60 por cento do montante do próximo Quadro de Referência Estratégico Nacional (aplicação dos apoios comunitários) para o período 2007-2013 na região.”

O presidente da Câmara de Portimão, que afirma orgulhoso que «nunca se investiu tanto em Portimão e nunca se apostou tanto na valorização dos seus factores de competitividade». O autarca está convicto de que os efeitos destes investimentos terão impactes no futuro, «estendendo-se a cidades vizinhas e a outras sub-regiões, servindo como alavanca de crescimento económico».

Não posso pronunciar-me especificamente sobre os projectos anunciados uma vez que não estou completamente por dentro das suas condições, dos estudos que suportam os retornos futuros esperados e dos contratos que estão (ou irão ser) estabelecidos com os privados… Mas, antes de tomar qualquer decisão de investimento seria importante que a autarquia considerasse as seguintes questões:

1) Será que o VAL destes investimentos é positivo, tendo em conta todas as despesas futuras que decorrerão destes investimentos, i.e. manutenção das infra-estruturas?

2) Será que não estamos a criar um encargo para as gerações futuras favorecendo as gerações actuais (ou ao contrário)? Recorde-se que uma decisão de investimento pode ser injusta condicionando negativa e fortemente o alcançar dos seus objectivos. Os custos e benefícios de um investimento devem por isso ser repartidos no horizonte temporal de forma equitativa e justa.

3) Qual o impacto real deste investimento tanto na capacidade de endividamento da autarquia (isto no que diz respeito à componente pública do investimento), e quais as contrapartidas do investimento efectuado pelos privados?





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