Wednesday, August 16, 2006
"Algarves" - especificando para Portimão...
Faço aqui uma nota para o artigo de opinião do Professor António Monteiro Fernandes publicado no Diário Económico, no qual são referidos alguns pontos importantes na comparação do Algarve com o Sul de Espanha no que toca o turismo e a pressão urbanística.
Algumas das diferenças apontadas pelo Professor já tinham sido referidas anteriormente neste Blog (no entanto, enquanto o Professor generalizou para todo o Algarve, eu considerei apenas o caso específico de Portimão). Passo de seguida a transcrever algumas das suas citações, com as quais concordo inteiramente:
Saltam aos olhos diferenças tremendas no que respeita às actividades económicas, desde Sagres até ao litoral de Huelva: o imobiliário e o turismo.
A pressão urbanística sobre esse vasto cordão de praias tem intensidade uniforme. Mas é impossível não notar a enorme diferença que existe entre a ocupação dos espaços no Algarve português e na chamada Costa da Luz. Não é que estejamos a comparar o caos com a organização perfeita. (...) Quem percorrer a faixa urbanizada de Tavira a Punta Umbria tem a sensação forte de que há, de um lado - o de lá -, alguma preocupação e certa exigência de qualidade mínima (espontâneas ou impostas por autoridade pública) no modo de articular edifícios, vias de comunicação e espaços de lazer, que estão inteiramente ausentes do lado português.
Referindo-se ao turismo o Professor António Monteiro Fernandes, escreve ainda:
Do lado espanhol, mesmo nos lugares modestos e mais económicos, ele é, em regra, cuidadoso, rápido e afável. A profissionalidade dos empregados é manifesta. Em muitos casos, o cliente de anos sucessivos encontra os mesmos empregados nos mesmos estabelecimentos. O funcionamento de certos restaurantes e hotéis, em época e hora de ponta, chega a ser um espectáculo para quem se interessa por assuntos de organização do trabalho e produtividade.
Isso encontra-se, no nosso Algarve, somente (e nem sempre), nos estabelecimentos “de qualidade”, nos hotéis e aldeamentos turísticos de luxo. (…)
Veja-se o post “Que futuro para Portimão?” onde demonstro a minha preocupação e alerto para este facto:
É óbvio que não existe aqui nenhuma idiossincrasia nacional, ou mesmo regional. Muitos dos que asseguram o bom serviço, fazendo-o de modo cativante e eficiente, nos hotéis e restaurantes de Punta del Moral ou de Islantilla, são portugueses.
Há, pois, outras coisas a considerar. Talvez o nível das exigências de qualificação profissional (que são de preceito), a menor precariedade do emprego hoteleiro (num país que tem a liderança europeia do trabalho precário!), a prática de sistemas de envolvimento dos trabalhadores na vida das empresas e de reconhecimento da qualidade do trabalho (com ou sem incentivos materiais) – andam por aí, certamente, os factores que actuam de um lado do Guadiana, e do outro não.
Como ficou patente em Custos de Oportunidade, considero como "prioridade número 1" para Portimão a construção de um pólo Universitário com capacidade para fomentar um aumento da produtividade do capital humano (através do nível de qualificações dos portimonenses) e um consequente aumento da oferta de emprego.
Apesar do artigo do professor ser mais aprofundado (por isso aconselho a sua leitura), sinto que partilho da maioria das suas ideias...
Algumas das diferenças apontadas pelo Professor já tinham sido referidas anteriormente neste Blog (no entanto, enquanto o Professor generalizou para todo o Algarve, eu considerei apenas o caso específico de Portimão). Passo de seguida a transcrever algumas das suas citações, com as quais concordo inteiramente:
Saltam aos olhos diferenças tremendas no que respeita às actividades económicas, desde Sagres até ao litoral de Huelva: o imobiliário e o turismo.
A pressão urbanística sobre esse vasto cordão de praias tem intensidade uniforme. Mas é impossível não notar a enorme diferença que existe entre a ocupação dos espaços no Algarve português e na chamada Costa da Luz. Não é que estejamos a comparar o caos com a organização perfeita. (...) Quem percorrer a faixa urbanizada de Tavira a Punta Umbria tem a sensação forte de que há, de um lado - o de lá -, alguma preocupação e certa exigência de qualidade mínima (espontâneas ou impostas por autoridade pública) no modo de articular edifícios, vias de comunicação e espaços de lazer, que estão inteiramente ausentes do lado português.
Referindo-se ao turismo o Professor António Monteiro Fernandes, escreve ainda:
Do lado espanhol, mesmo nos lugares modestos e mais económicos, ele é, em regra, cuidadoso, rápido e afável. A profissionalidade dos empregados é manifesta. Em muitos casos, o cliente de anos sucessivos encontra os mesmos empregados nos mesmos estabelecimentos. O funcionamento de certos restaurantes e hotéis, em época e hora de ponta, chega a ser um espectáculo para quem se interessa por assuntos de organização do trabalho e produtividade.
Isso encontra-se, no nosso Algarve, somente (e nem sempre), nos estabelecimentos “de qualidade”, nos hotéis e aldeamentos turísticos de luxo. (…)
Veja-se o post “Que futuro para Portimão?” onde demonstro a minha preocupação e alerto para este facto:
É óbvio que não existe aqui nenhuma idiossincrasia nacional, ou mesmo regional. Muitos dos que asseguram o bom serviço, fazendo-o de modo cativante e eficiente, nos hotéis e restaurantes de Punta del Moral ou de Islantilla, são portugueses.
Há, pois, outras coisas a considerar. Talvez o nível das exigências de qualificação profissional (que são de preceito), a menor precariedade do emprego hoteleiro (num país que tem a liderança europeia do trabalho precário!), a prática de sistemas de envolvimento dos trabalhadores na vida das empresas e de reconhecimento da qualidade do trabalho (com ou sem incentivos materiais) – andam por aí, certamente, os factores que actuam de um lado do Guadiana, e do outro não.
Como ficou patente em Custos de Oportunidade, considero como "prioridade número 1" para Portimão a construção de um pólo Universitário com capacidade para fomentar um aumento da produtividade do capital humano (através do nível de qualificações dos portimonenses) e um consequente aumento da oferta de emprego.
Apesar do artigo do professor ser mais aprofundado (por isso aconselho a sua leitura), sinto que partilho da maioria das suas ideias...
Tuesday, August 08, 2006