Thursday, August 24, 2006
Reflectindo sobre a recente vaga de clandestinos que chega às Canárias...
Desde o início deste ano 13.000 clandestinos desembarcaram nas Canárias (números muito superiores ao recorde de 9.929 estabelecido em 2002).
A imigração clandestina constitui uma das principais preocupações dos países europeus dado o afluxo maciço de imigrantes oriundos da África Sub-saariana e do Magrebe. Estes clandestinos arriscam tudo (inclusive a sua própria vida) para efectuar a travessia feita em embarcações sobrelotadas e sem o mínimo de condições, em busca de melhores condições de vida. Muitos deles poderão mesmo vir a ter como destino o nosso país.
É comum assistirmos a comentários bastante radicais, xenófobos e até mesmo racistas, a este tipo de notícias. Recordemo-nos por isso que Portugal foi, desde a década de 60, um país de emigração massiva. Presentemente apresenta-se também como um país de acolhimento de imigração. Considero por isso justo que Portugal cumpra o dever de ajudar muitos daqueles que aqui vêm parar à procura de trabalho, tal como aconteceu com milhares de portugueses que se deslocaram para a França e Alemanha.
Excluindo todos os problemas de integração de culturas que possam advir de uma eventual vaga de imigração, e considerando-a apenas em termos económicos, mesmo assim estaremos perante um assunto bastante sensível.
É consenso geral que, a imigração proveniente destas zonas, é formada na sua grandíssima maioria (para não dizer totalidade) por mão-de-obra muito pouco qualificada, e como tal barata. No entanto, este tipo de imigração é visto como essencial para o processo de enriquecimento de uma nação, do qual resultam uma série de consequências positivas para a vida cultural e económica de um país.
Mas será que estes imigrantes vêm roubar os postos de trabalho aos portugueses, como se costuma argumentar? Digamos que aqueles trabalhadores com um nível de qualificações alto não terão qualquer problema visto se tratar de uma imigração com muito pouca formação. O problema surge quando Portugal aparece como o país com menores qualificações médias na U.E., tornando-o menos receptivo à imigração, visto que a vinda de imigrantes pouco qualificados, contribui para a diminuição de salários dos cidadãos nacionais pouco qualificados (os quais representam uma fatia considerável da população activa).
Que medidas poderão ser tomadas para atenuar este problema?
1) Lutar contra a pobreza como forma de afrontar a imigração. Só contribuindo seriamente para acabar com a fome no Terceiro Mundo, tornaria a Europa menos vulnerável neste aspecto;
2) No caso concreto de Portugal, passa por promover um nível formação superior nos seus trabalhadores, o que permitiria combater “a rivalidade” e eventuais ideais xenófobos entre trabalhadores nacionais e a mão-de-obra do exterior (note-se que esta seria também a solução para muitos dos nossos problemas relacionados com a falta de produtividade).
No entanto, e uma vez que estas medidas apenas terão impacto a médio e longo-prazo, resta-nos por enquanto zelar pelo bem-estar dos imigrantes promovendo a sua integração e cultura. Não podemos acreditar que, recorrendo exclusivamente a politicas restritivas o problema é resolvido, estas, muitas das vezes, apenas contribuem para a difusão de ideais racistas e xenófobos.
Na minha opinião essa “porta” deve ser muito bem controlada. As medidas que o “farpas” mencionou fazem sentido mas para um pais rico sem problemas graves a nível social, educacional, financeiro etc.… Para nós, num curto espaço de tempo, tal não é possível pois sofremos desses problemas. Quem sabe….um dia! A entrada de mais emigrantes só agravariam mais a nossa situação, isto é, economia paralela (crescimento do monstro - citado pelo Prof. Dr. Aníbal Cavaco Silva, o nosso Presidente).
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